sábado, 1 de dezembro de 2007

continuando 3....

Imagine um mundo em que nada aparenta acontecer e tudo acontece sem jeito de demonstrar? Ter a rotina reduzida a quarteirões do bairro, na faixa que compreende farmácia, padaria, mercado, como um exílio em sua cidade? Uma mãe recente é ótima crítica de televisão a tarde. Pela primeira vez, é capaz de opinar com fundamento sobre a qualidade dos programas.De um comercial a outro, o filho cresce mais rápido do que supunha. O que adiava para fazer, continuará adiando. Se nos preparativos demorava séculos para definir a cor do enxoval, as decisões agora são rápidas e fulminantes. São prá ontem. O filho largou peito, deve então acertar a temperatura do leite, preparar a papa, optar pelas peças da gaveta. Será que boto casaco? Está quente ou frio? O ponto mais visitado é a bunda rosada da criança, para verificar assaduras. As mãos cheiram a hipoglós e não é de estranhar que a pasta branca fique nos vãos dos dedos no momento de dormir. E quando toca o telefone, a mãe se envergonha de dizer que está segurando o filhote no colo, e faz o impossível para que a voz na linha não note o incômodo. Um malabarismo para acalmar os gritos do pequeno, entender a conversa e ser educada. Mãe carrega muita culpa desnecessária. A maternidade é uma solidão desproporcional, uma solidão solteira.A libido fica em baixa. Nem é vontade, é disposição, condicionamento físico. Após desbotar o tapete do corredor no vaivém, não há como se arrumar. Existe um cansaço inclusive para DR.A mulher se vê acima do peso, com seios estranhamente grandes e a cintura se equilibrando com a transformação. Pela primeira vez, um maiô não é uma idéia insuportável se vc se arriscar a uma ida na praia. O corpo está longe da rigidez, e para recuperar as formas antigas,(se vc não for uma celebridade) só com muita ginástica, musculação e sorte.

Nenhum comentário: